domingo, 22 de abril de 2012

A inocente culpa do artista


"A consistência é o último refúgio do sem imaginação"
Oscar Wilde (in The relation of dress to art)

Paradoxos e oxímoros pertencem à vida do artista em sua essência, mesmo se seu objeto estético não transpire tais movimentos contraditórios. Nossa contradição está aqui por meio dos pedidos de con$istência para salvar a imaginação. Talvez não seria bem o salvamento da imaginação, mas o acabamento e a divulgação da imaginação concretizada em audiovisual. Qual é a real consistência que precisamos para fazer com que a arte exista de fato? Que haja alguém para movê-la, lê-la, interferi-la, feri-la, às vezes recebê-la apenas (meio triste...), arquitetá-la, refleti-la, refutá-la, namorá-la, estetizá-la... Sim, que haja alguém do outro lado, de frente, às vezes ao lado, mas à espera de algo. Hoje esperamos alguma con$istência sem perdermos nossa imaginação e dignidade. Hoje, entendemos o Catarse.me como uma possibilidade de con$istência final à nossa arte sem nos sentirmos culpados ou humilhados por um mecenas que deseja sua placa de donatário estampada na cultura alheia, em auditório universitário, na obra pública - não do poder público -, mas do público que é povo e que deseja construir algo fora dos círculos banais que mais são redemoinhos de um ralo só.


Samuel Kühn
ator para "Infância de Monique"

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