terça-feira, 4 de outubro de 2011

UM DIA NOS BASTIDORES DE INFÂNCIA DE MONIQUE - Por Anna Carolina Santos

Revi acompanhou uma noite de gravações do longa joinvilense "Infância de Monique". Viaje conosco pelos bastidores


Texto e fotos por Anna Carolina Santos


Bate palmas e dá a largada com um “Vai!”

- “O que você comeu?”

- “Estou assim a semana toda.”

- “Você não ta grávida não?”

Enquanto elas conversam, a câmera captura o momento, e os fragmentos da história tomam forma. Clarice Steil Siewert é Solange, e Ilane Melo, sua amiga. A cena é repetida quantas vezes necessárias – podem ser três, ou podem ser 15. As duas mulheres são enquadradas e suas falas, caras e bocas são miradas pela câmera e capturadas pelo microfone.

Fios por toda parte, e três canhões de luz – dois do lado de dentro e um na janela de fora, que simula a luz do dia. O cenário é o pequeno banheiro da escola de teatro Dionísios, que nessa noite chuvosa se transformou no banheiro da casa de Solange. É um grupo de artistas joinvilenses fazendo a sétima arte como dá.

O baixo orçamento do projeto é compensado com o empenho. A equipe de atores e técnicos é modesta, não chega a 15 pessoas. Fazem uma ficção, gênero incomum nas produções audiovisuais dos artistas da cidade. Também estão nessa sem apoio de editais ou patrocínio.A falta de verba não inibiu os irmão Porto, atores e toda equipe de tocar o longa.

Desde o início do ano, Infância de Monique está em processo de produção. É a história de Maike e Solange. Ele é um ladrão de carros, e ela uma prostituta. Os dois têm uma filha chamada Monique, que é doada a outro casal. Maike não sabe da existência da filha, que nasceu quando estava preso, acusado de homicídio. Depois de cinco anos, Solange descobre que Monique vai se mudar para os EUA. O desespero em saber que não terá chance de vê-la novamente e o reencontro com Maike fazem com que a paixão e o ódio dos dois volte à tona.

“Fui eu quem escreveu. Na verdade, dois personagens repletos de emoções conturbadas e prontos para conflitos já trazem inspiração”, conta o jornalista e cineasta Fabrício Porto. O roteiro foi escrito respeitando a limitação de orçamento e tempo. ”Preocupei-me com os diálogos mais longos e com o menor número de locações possíveis”, conta, pensando também que só seria possível utilizando um número reduzido de atores.

As gravações, que começaram no dia 5 de setembro, são feitas combinadas com horários de atores e equipes, contando com a sorte do bom tempo também. às vezes de noite, às vezes de dia. Um dia sim, outro não, outros três dias seguidos. Os horários variam bastante. “Todos estão fazendo de graça, portanto, precisamos compreender os dias que cada um tem para gravar”, diz Fabrício.


E no set...


No set de filmagem, uma pausa para a troca do cartão de memória da câmera, que está cheio. Repetindo a cena uma, duas, e três vezes, outra pausa para o caminhão na rua passar. O ovo frito foi feito sem sal mesmo, faz parte da encenação fingir que não está insonso. Enquanto isso, resolvem a iluminação, pois está aparecendo a sombra da câmera na filmagem.

Todo equipamento é de câmeras Canon 7D Full HD, e 60D, dois microfones Boom, iluminação, quatro ou cinco Fresneis, rebatedores de "isopor", e dois tripés. “Fiz um orçamento correto de gravação. Se fossemos pagar todos e alugar equipamentos que estamos utilizando,o filme pronto sairia por 50 mil reais”, revela Fabrício. Como os equipamentos, atores, diretores e equipe técnica não receberam nada, os equipamentos são próprios ou emprestados, o custo é o mínimo.

“Na verdade, não cheguei a fazer as contas exatamente. Mas não devemos passar dos 3 mil reais”, diz. O plano é terminar as gravações em outubro, e até o final do ano finalizar o longa. Em 2012, mais um filme entra no histórico dos irmãos Porto, que já têm vários curtas e alguns documentários. E mais uma produção para o cinema independente de Joinville.


Veja a matéria de Anna Carolina Santos também no site da REVI:


http://www.ielusc.br/portal/?REVI&NOT=2275

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