"A consistência é o último refúgio do sem imaginação"
Oscar Wilde (in The relation of dress to art)
Paradoxos e oxímoros pertencem à vida do artista em sua essência, mesmo
se seu objeto estético não transpire tais movimentos contraditórios. Nossa
contradição está aqui por meio dos pedidos de con$istência para salvar a
imaginação. Talvez não seria bem o salvamento da imaginação, mas o acabamento e
a divulgação da imaginação concretizada em audiovisual. Qual é a real
consistência que precisamos para fazer com que a arte exista de fato? Que haja
alguém para movê-la, lê-la, interferi-la, feri-la, às vezes recebê-la apenas
(meio triste...), arquitetá-la, refleti-la, refutá-la, namorá-la,
estetizá-la... Sim, que haja alguém do outro lado, de frente, às vezes ao lado,
mas à espera de algo. Hoje esperamos alguma con$istência sem perdermos nossa
imaginação e dignidade. Hoje, entendemos o Catarse.me como uma possibilidade de
con$istência final à nossa arte sem nos sentirmos culpados ou humilhados por um
mecenas que deseja sua placa de donatário estampada na cultura alheia, em
auditório universitário, na obra pública - não do poder público -, mas do
público que é povo e que deseja construir algo fora dos círculos banais que
mais são redemoinhos de um ralo só.
Samuel Kühn
ator para "Infância de Monique"